quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Homens Camaleões

   Vivemos na era da informação, tempos onde podemos, em questões de segundos, estabelecer contato áudio-visual com uma pessoa em qualquer lugar do planeta (com sinal de WiFi). Onde [segundo algum pesquisador por aí] todos estamos interligados por no máximo seis pessoas, ou seja, algum amigo seu tem uma tia casada com o pai do alfaiate que fez terno usado por Barack Obama no no discurso de posse. A verdade é que direta ou indiretamente convivemos com uma infinidade de outras pessoas com diferentes mentalidades e opiniões sobre os mais diversos assuntos possíveis e imagináveis.




   Se existe algo mais complicado nesse mundo do que viver em sociedade ainda não foi descoberto pelo ser humano! Já parou pra se perguntar como é difícil seguir todas as regras impostas quando se trata de convívio? Não menosprezando as leis, porque infelizmente sem elas os seres humanos (que se julgam o único ser racional do planeta) se afundariam num mar de insanidades praticadas por quem tem poder (lê-se dinheiro) e só pensa em se tornar mais poderoso, a qualquer custo.

   "Desde pequenos fomos programados pra receber de vocês! Nos empurraram com os enlatados dos USA, de 9 às 6!" Diante de tantas regras e imposições o ser humano se obriga a se moldar com as necessidades de cada meio (já dizia Darwin) e acaba se camuflando para se adequar à sociedade, ao grupo de pessoas, no qual está inserido.

   É fácil de observar essa camuflagem social. Com que roupa eu vou naquela reunião? E na festa depois? E no almoço em família amanhã? Com certeza não vai ser a mesma p'ras 3 ocasiões! Cada ocasião, pessoa ou lugar vai te obrigar a se camuflar para não se tornar uma presa fácil aos predadores. Se você aparece num casamento usando chinelos e regata, se for calor, ou pijama e pantufa, se for frio, obviamente seria julgado por grande parte das pessoas lá presentes. No mínimo iria ouvir comentários desagradáveis, vindo de alguém que tem a boca mais rápida que o cérebro. E o vocabulário? Ai de quem disser um palavrão dentro da igreja.. Vai pro inferno!


   Só vejo uma saída nessa história toda. Escolher as melhores paisagens pra se camuflar. Se o camaleão está em um lugar cinzento ele se obrigará a ficar cinzento, e se o lugar for colorido, ele terá de absorver as cores pra si. 
Perante à sociedade moderna somos os homens camaleões e um de nossos predadores é o grupo de pessoas monocromáticas que querem nos convencer de que a cor delas é a mais bonita, que devemos esquecer nossa capacidade de mudar de cor. O que seria do verde se todos gostassem do azul? Posso gosto de xadrez, mas listras vão muito bem também!


Sejamos todas as cores,
Da cor do pecado.
Provemos de vários amores,
Amor bem amado.


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Eternize-se



           Não há horário melhor para se olhar (contemplar) o céu do que à madrugada. É neste intervalo do dia em que as estrelas se mostram para quem quiser vê-las. Elas se mostram tanto que, algumas delas, mesmo depois de mortas, continuam a mandar a sua luz para a terra, mesmo que o seu observador não faça a menor ideia de que aquela estrela já esteja morta há alguns anos. É interessante isso, a estrela está morta, de fato, mas ela continua ali, no céu, aparecendo para você na infância, adolescência e aparecendo para você até mesmo quando você estiver em um acampamento com o seu filho de 10 anos. E a luz e imagem dela poderá permanecer ali ainda no tempo dessa mesma sequência de eventos acontecer com esse filho. Estrelas morrem em qual forma? Física? A luz dela continua ali, andando milhares de quilômetros por dia. Ela morre na lembrança de alguém? Talvez, mas só depois de muitos anos. Elas dificilmente morrem. Agora, o que nós devemos fazer para conseguirmos tal façanha? Com uma descoberta científica talvez? Até pode ser, mas a descoberta será eternizada, não você. Por isso, lembre-se de colocar o seu nome na descoberta quando isso acontecer, dica de amigo. Tem algumas maneiras de deixar o seu nome atravessando os séculos. Você pode ser um grande músico. Você pode ser um exímio pintor. Pode ser um revolucionário cientista. Pode ser um ditador que matou milhares de homens, mulheres e crianças, sem escrúpulo nenhum. Pode ser um homem que venceu guerras apenas ficando sem comer e falar com ninguém. Pode ser um grande diretor que vai eternizar o seu nome nos créditos de seus grandes filmes e obras. A escolha é sua. Não fazer nada disso e nem mais nada para não ter uma morte e ter uma sobrevida como uma estrela também é uma opção. É a mais fácil. É tão mais fácil que milhões e milhões de pessoas tomaram essa decisão e tomam até hoje.
           Fica tudo ao seu critério. Você tem uma sobrevida. Você pode ser como esse corpo cósmico que tem 90% dos compostos moleculares essenciais iguais aos seus, que chamamos de estrela. O seu nome é a sua luz! Da mesma forma como a luz de uma estrela perdura durante anos, assim deve ser o seu nome. Ele deve permanecer sendo lançado a quem queira ouvir durante o passar das décadas e séculos! E aí, o que você vai fazer a respeito? Vai esperar seus 30 e poucos anos de empresa para ganhar o relógio de ouro? Vai gastar dois terços do seu dia para conseguir manter o aluguel da casa que você não passa tempo além do tempo que você dorme nela e conseguir manter a prestação do carro que você só usa para ir ao emprego? Ou vai fazer algo? E eu não falo de nada muito difícil não, como fazer o melhor filme de todos os tempos ou então resolver a equação que dá origem à vida. Você pode eternizar o seu nome se você for um bom amigo. Você vai eternizar o seu nome se você for um bom filho, irmão, marido e principalmente pai. Se você for um bom pai, seus filhos falarão o seu nome, assim como os filhos deles, e os filhos deles e assim por diante. Pronto, seu nome está eternizado de alguma maneira - da melhor maneira eu diria-.            Volto a olhar o céu agora, nesse horário em que as estrelas - e o universo - mostram-se com maior força. Pergunto-me como chegamos nisso. Como deixamos acontecer que o universo se mostre com maior intensidade nesse pequeno intervalo de tempo que você passa dormindo provavelmente por ter um compromisso, o qual você não quer ir, de manhã. Como deixamos essa imensidão do cosmos assim exposta diante de nós e nós nem ao menos olhamos para cima para encarar isso? Para encarar o universo com curiosidade, depois um certo medo do desconhecido e por fim, a curiosidade de descobrir o que pudermos sobre esse infinito quintal da nossa casa. Nós somos seres que descobriram o fogo, inventaram a roda e fizeram a música. Hoje, alguns milhares de anos depois, somos os seres que ainda usam o fogo como proteção e forma de energia, ainda dependemos da roda e temos quaisquer sons aleatórios considerado como música pela maioria das pessoas. Ou o fogo e a roda foram duas incrivelmente grandes descobertas, ou estamos ocupados demais para fazermos novas. Nós somos seres que ao vermos uma estrela cadente, ao invés de contemplarmos o evento e como são as coisas no universo, nós nos preocupamos em fazer um pedido. Eu nunca entendi essa necessidade nossa de fazermos pedidos para coisas que estão no céu. Mas quem sou eu para falar? Eu parei de contemplar o céu para pegar o smartphone e escrever isso. Vou ficar por aqui. Espero que se alguém ler isso, pense sobre e, quem sabe, consiga eternizar o seu nome de alguma forma. Se isso acontecer, a minha luz já ganhou um pouco de sobrevida.