Mais uma vez estou aqui, na varanda do meu apartamento, observando a chegada da madrugada e o silêncio que a acompanha. Nesta hora, o desejo que sempre me vem em mente é o de pegar um bom livro da minha velha prateleira, descer as escadas com uma xícara de café, atravessar a rua e me sentar em um banco da praça sob a luz amarela de um poste e, acompanhado do calor e uma brisa agradável, típicos da primavera – Já é dezembro, há uma casa com decoração natalina aqui e outra ali, e uma melancolia que predomina por todo o ambiente. – abrir o livro na página marcada e me esquecer desta insônia, me esquecer
de que enquanto o mundo dorme, eu estou perdido em pensamentos e em questões importantes como: Onde foi construída a primeira praça da história? Mas esse meu desejo se repetirá por várias noites, porque não há poste emanando luz amarela e muito menos há uma praça do outro lado da rua.
Enquanto isso, fico aqui na minha
varanda, imaginando quem começou com essa história de que as pessoas tem que
dormir à noite, necessariamente. A noite é tão inspiradora, tão acolhedora, com
o seu silêncio e sem as pessoas apressadas nas ruas. A noite nos dá a sensação
de paz! Alguns já tentaram me falar sobre os perigos da noite, eu só lhes
respondi: “- A noite e o dia tem perigos, meus amigos. A diferença é que você
espera o perigo da noite, por ela ser a desconhecida, e durante o dia com a sua
preocupação sobre o trabalho; sobre contas e principalmente a preocupação em
chegar no horário no ponto de ônibus para não perder o primeiro, não precisando
assim ficar mais 40 minutos esperando para pegar o segundo ônibus depois, faz
com que você não veja os perigos do dia.” A noite acolhe aqueles que a aceitam
como amiga.
Nesses meus pensamentos, reparo duas
luzes acesas no prédio e um raio de sol surgindo no horizonte – faltam 10
minutos para os meus vizinhos perderem o ônibus. É melhor eu tentar dormir um pouco, ou então, ir até uma cafeteria. Talvez no caminho eu encontre uma praça.