Sabe aquelas palavras difíceis que você aprende em algum momento da vida e a partir daí nunca mais as tira do seu vocabulário? Pois então. Procrastinação é uma delas!
Várias vezes durante uma semana chego à conclusão de que estou imerso em mais uma daquelas longas e dolorosas procrastinações e logo veem as sensações de impotência, culpa e toda aquela pressão da produtividade pesa na consciência. Afinal todas as pessoas desse planeta devem ter ouvido a clássica frase "não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje", não é mesmo? Porém é aí que entra a contrapartida da coisa.
Devemos ter em mente que nossa vida é inconstante e imprevisível ao extremo e realmente não temos tempo pra ficar deixando as coisas pra amanhã, mas essas coisas as quais me refiro são as coisas que realmente importam nesse pedaço de ser e estar que todos chamam de vida. Jantares em família, churrascos, festas e happy hours com os amigos, noite romântica com o cônjuge, brincadeiras com crianças e animaizinhos de estimação e tudo que se faz com prazer e um belo sorriso estampado no rosto são as coisas que não devem ser deixadas pra amanhã.
A sociedade em que vivemos hoje nos pressiona pra que sejamos produtivos e fomentemos o consumismo desenfreado. Jornadas de trabalhos exaustivas, relatórios e mais relatórios a serem entregues, tarefas a serem cumpridas, tudo com um prazo curto que muitas vezes não cabe na agenda dos procrastinadores. As pessoas que são cegadas por esse consumismo desumano acabam por usar o famoso ditado do não deixar para amanhã para se adequar, ou convencer os outros a se adequarem, a esta produtividade exploradora, mas não é assim que funciona. Isso só força a fazer tudo dentro dos prazos estabelecidos pela ditadura do capitalismo.
Em meio a esses pensamentos entram vários conceitos como o carpe diem e outro ditado famoso: "tempo é dinheiro" que são coisas que valem a reflexão e merecem ser discutidos, mas não agora, em outros momentos de procrastinação.
Existe também a rebatida dos procrastinadores: "por que fazer amanhã o que eu posso fazer depois de amanhã?" que também é válida já que antecipar preocupações não faz bem pra saúde mental de ninguém. Se você entregar aquilo que é solicitado na data certa, não importa se você o fez há uma semana ou quinze minutos atrás.
Mas e aí, quem está certo? Quem posterga ao máximo todos os compromissos ou quem sofre por antecipação por causa deles?
Não estou dizendo que se deve ser um procrastinador, mas sim deve-se buscar o equilíbrio.
Talvez se Deus tivesse ido naquela festa cósmica que aconteceu no sábado a noite ele poderia ter alguma ideia melhor pra a criação da Terra e terminava no domingo, sem problema algum.
